diálogo eu ao quadrado

é difícil ter em mente que para todo começo existe a possibilidade de um fim. ora, se eu tenho a chance do começo, não temente ao fim, ainda assim, ignoro-o enquanto for possível. a gente começa, a gente erra. voltar atrás não apetece, resolvemos por seguir; na vertente do amor, pertuito distante.

olha ali, bem lá no fundo – aponto acolá num sonho sem tantas cores -, é a paixão de braços dados com o amor. estreitamos com eles nossa relação, afinal entende-se que, se eles estão ao nosso lado, nem os erros, tampouco a morte, existem para nós. separação carnal é mero símbolo passageiro de um “vou ali e volto já”.

epa, peraê. deixa eu te contar, se aprochegue, mocinha. quem é que compartilhou a tolice de inventar que amor e paixão te livram do erro, da separação e, se assim te assombra, do fim? ô bichinha… não se assuste, é a verdade soprando em teu ouvido só o que você precisa escutar e aqui ninguém garantiu que tudo seria açúcar queimado. nã! voltando, veja bem: paixão e amor, às vezes, são válvulas para os erros justamente por acharmos que amando e apaixonados estamos imunes. ê-êe, engano! todo mundo erra sempre, todo mundo vai errar (xande de pilares transformando dor em pagode, sempre). sabe qual é o problema? amor e paixão tapam nossos olhos para o íntimo, o que praticamente significa dar poder para se sabotar.

sabe o íntimo? então, ele é o exemplo mais cru daquilo que é pessoal e intransferível. sabe a sua melhor amiga? ela não sabe tudo sobre você. sabe sua ex? também não sabe tudo sobre você. seu pais? vixe, esses muito menos. tá entendendo que não é sobre convivência e compartilhar de experiências? é sobre intimidade. essa jamais será externalizada. o que é externalizado não é o íntimo, pelo menos não de forma integral. pode ser parte, nunca inteiro.

sabe… olha aqui, nem mesmo esse texto exposto aqui, a base em lágrimas, em plena segunda-feira ao som de Gal Costa com participação da Marília Mendonça é capaz de mostrar seu íntimo para quem o lê. você dá a sua alma, o íntimo, não. temos ali as melhores lembranças, as piores dores e os mais simples e também complicados amores. deixa estar. lembra que saudade é movimento? lembra que chegar também é partir? tá tudo bem, acalma o coração. de todas as coisas, a mais importante é você não se perder de si. o resto chega. depois vai. ciclo.